sábado, 2 de outubro de 2010

Para Lico

Lico, tua passagem tão efêmera pela minha vida, cheia de momentos com muitos pelinhos alaranjados, muito ron-ron e muito carinho, me fez perceber que nenhum amor dado é em vão, e nem todo amor recebido é suficiente. Amo você, gatinho amarelo, de vida dupla e misterioso. Esteja na canguta de São Chiquinho, que é teu lugar preferido, dando muitos cheirinhos e recebendo muitos afagos. Todos os que eu não tive oportunidade de lhe fazer, enquanto você esteva por aqui. Foram 25 dias em que você recebeu amor, cuidados e mordomias. 25 dias em que a minha vida foi presenteada com afeto que só um bichinho pode dar.

Desculpem a fuga de tema, mas quero falar sobre posse responsável. Sim, sim, puxar minha orelha um pouco tambem. Lico era um gato-errante, apareceu aqui no meu quintal, que é murado e sem acesso direto à rua. Mas como todo gato criado solto, escalar paredes e muros para ele, era fichinha. Resolvemos adotá-lo. Deixamos ele entrar em casa, ficando confinado, e em seguida, levamos para vacinar e marcar a castração. Em menos de 15 dias, Lico era "nosso" gato. Óbvio que ele não era "nosso", pois era muito carinhoso, não era arisco como gatos de rua; devia ter outro lar, com certeza, mas, pensamos que assim que castrado, o seu desejo de perambular sumiria. E também, que nosso amor e cuidado seria suficiente para que ele se fixasse em nossa casa apenas. Ele ficou alguns dias só no quintal, com o Boi e a Baixinha, no máximo, andando sobre o muro. Então, um dia, a voltinha dele sobre o muro demorou. Ele não apareceu meio dia, nem de tardinha, nem de noite. Não veio quando chamado. Procuramos pelas casas da redondeza, pelo menos para localizar sua antiga residência e avisar ao dono original sobre a castração e as vacinas. Nada.
Penso que sua moradia devia ser longe. Ele estava atropelado numa avenida próxima a nossa casa. O Lico era minha responsabilidade também. Ele sentiu medo, dor e estava só. Morreu sozinho, num monte de folhas secas de Pata-de-vaca. E isso me constrange, me dilacera. Ninguém merece morrer sozinho, nem mesmo um gatinho. Por isso, apelo, suplico, imploro: gatos e cachorros, castrados, sempre dentro do seu quintal, sem acesso à rua. Acidentes, acontecem sempre. Mas não PRECISAM acontecer. Ningém precisa sofrer de saudades pelo seu amigo de pêlos antes do tempo.

Em tempo: Baixinha e Boi não sobem no muro como o Lico subia. E o muro será aumentado e telado assim que pudermos arcar com as despesas. Não quero que nenhum outro gato da vizinhança entre, ou use a nossa casa para alcançar a rua. Nem que os meus consigam, de alguma maneira, sair.

E prometo que a próxima postagem será sobre paninhos.

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